Fado (des)enamorado

As diferenças entre a novela "Coentrão Blanco" e a mini-série "Villas Blue" são meramente episódicas, no fundo o enredo escreve-se a si proprio para, no fim, ir bater ao lugar comum chamado "abandono".

Entre loas de amor eterno, por ambos proferidas em ocasiões que assim exigiam, até o divórcio final, num consumado e noutro em "vias de", foi um passo, e assim se foi fazendo a actual cartilha do futebol, vincando-se hoje e cada vez mais, como um prostíbulo a céu aberto, em directo e à luz do dia.

Escolha o leitor qual a pior das pequenas diferenças que separam estes casos, de um lado temos um "letrado gentleman" da aristrocracia portuense, cuja fina educação nos melhores colégios, não lhe soube incutir o valor da dignidade, que trai a "mulher" mesmo depois de declarações de sonhos e eternas paixões, fugindo sem lhe dar o devido cavaco, enquanto que do outro lado um nahive rapazinho, nado e criado num plebeu bairro Caxineiro, que pressionado e enganado pelo expediente "lechero", anunciou o divórcio, para já apenas mental, da casa que o fez homem, preparando-nos a nós, adeptos, com a sua sincera ingenuidade, para o pior que ainda há de vir.

Ninguém se fica a rir destas situações, e os que ontem, tripeiros desta vida, baluartes auto-proclamados da decência, dignidade e eficiência, se riam do Benfica pela situação do Fábio, são os mesmos que hoje choram o ónus da desconsideração do seu ex-mais-que-tudo.

Que sirva, portanto, de exemplo para essa vilanagem-corrupta, mas acima de tudo para nós, adeptos do Benfica, saber respeitar o adversário, na saúde e na doença é revelador de muita hombridade e superioridade, não nos devemos regozijar com as desgraças alheias, pois nunca saberemos o que futuro nos trará.

Viva o Benfica!